O Brasil vive um surto de dengue com 1,5 milhão de casos confirmados até dezembro de 2015, segundo o Ministério da Saúde. Mas esta não é a única enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que também é responsável pela febre chikungunya e pelo zika vírus.
O governo brasileiro ainda não divulgou números absolutos sobre essas últimas duas doenças, mas qualificou as epidemias como graves. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa 2015), encomendado pelo ministério, confirmou que a febre chikungunya ultrapassou os 17 mil casos suspeitos e que o zika estava presente em 18 estados, até novembro do ano passado.
A principal forma de erradicar as doenças é eliminar os criadouros, mas se o mosquito já está à espreita, nos resta afastá-lo. Vale tudo: telas e mosquiteiros, sprays, velas aromáticas e até armadilhas ecológicas. A seguir, listamos alguns meios de proteção e indicamos seu grau de eficácia.
Fontes:Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde do Estado de São Paulo; Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro); Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (LIRAa 2015); Ministério da Saúde. Consultoria: Carolina Marçon, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), e Rafael Freitas, entomólogo da Fundação Oswaldo Cruz.
Icaridina – grau de eficácia: alto
Desenvolvida nos anos 1990 pela empresa farmacêutica Bayer para ser usada contra os mosquitos hospedeiros da malária, a icaridina (Picaridina ou KBR 3023) é uma substância derivada da pimenta.
Quando diluída de 20 a 25% nos cremes, sprays para a pele e aerossóis é inodora e confere cerca de 10 horas de proteção contra os insetos e, quando aplicada sobre a roupa, se mantém ativa por até 72 horas. No entanto, as aplicações não devem ultrapassar três vezes ao dia e o uso em crianças menores de dois anos é contraindicado, para evitar intoxicações. Ao usar, siga a orientação médica e/ou as informações do rótulo.
Ventilador ou ar-condicionado – grau de eficácia: alto
Durante a noite, o mosquito pode picar por cima do lençol, por isso o indicado é manter as janelas fechadas. Mas como ninguém aguenta o calor do verão, a solução proposta pelo entomólogo Rafael Freitas, da Fundação Oswaldo Cruz, é usar o ar-condicionado ou o ventilador.
“Frio e vento afugentam o inseto, que acaba com o batimento das asas desacelerado e o pouso comprometido”, explica. Ao desligar os aparelhos pela manhã, no entanto, o mosquito pode voltar. Então o indicado é fazer uso de repelentes dermatológicos e, à noite, vale usar um método de barreira complementar, como mosquiteiros.
Lâmpadas anti-insetos – grau de eficácia: alto
Há algumas versões de lâmpadas anti-insetos no mercado, mas uma das mais avançadas é a que deriva de protótipos desenvolvidos por engenheiros holandeses e combina LEDs e um mecanismo de captura por sucção.
O sistema é alimentado por energia elétrica e dispensa o uso de inseticidas. Nos EUA, um estudo proposto pela Universidade do Sul da Califórnia demonstrou que pernilongos representam 67,5% dos insetos capturados por armadilhas à base de LED.
Telas ou mosquiteiros – grau de eficácia: médio
Colocar telas protetoras em portas e janelas da casa também funciona para frear os mosquitos, apesar de não acabar com o problema. “A grande desvantagem de se usar essas estruturas é que muitas pessoas não conseguem deixar os ambientes fechados por muito tempo”, revela o entomólogo Rafael Freitas.
Para os quartos, especialmente de bebês e crianças, um recurso um pouco mais eficiente que as telas é o mosquiteiro, composto de tecidos finos (a exemplo dos tules e véus) colocados sobre camas e berços para impedir que os insetos alcancem o leito.
DEET – grau de eficácia: médio (comparado ao efeito da icaridina)
“Assim como a icaridina, que cria uma barreira com gosto e odor desagradáveis para os insetos, o composto DEET também pode ser usado por adultos e crianças maiores de dois anos”, afirma Carolina Marçon, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
O princípio é encontrado na concentração de 10% em repelentes vendidos em farmácias e supermercados e garante proteção por até quatro horas. A desvantagem é que, se em contato direto com algumas superfícies, como tecidos sintéticos, couro e plásticos, o composto pode manchar ou corroer.
Vinagre – grau de eficácia: médio
Quer uma receita natural para “fisgar” e eliminar mosquitos e pernilongos? Então encha metade de um pote de vidro com vinagre de maçã e acrescente algumas gotas de detergente líquido. O aroma fresco atrairá os insetos, fazendo com que entrem no pote e se afoguem ou grudem na mistura.
Se preferir, para aumentar a eficácia, antes de instalar a isca faça uma tampa para o pote usando um pedaço de plástico esticado com vários furinhos. Um alerta: essa armadilha é um paliativo complementar e não substitui outros cuidados de combate.
Raquete elétrica – grau de eficácia: baixo
Vendido em lojinhas populares, o aparelho inspirado nas raquetes de tênis libera uma descarga elétrica que frita os mosquitos instantaneamente, mas depende de boa pontaria e uma certa dose de sorte.
Os modelos são quase todos recarregáveis via eletricidade ou movidos a pilha e, por medida de segurança, “prometem” disparar um choque de pequena voltagem. Os apetrechos, porém, não são certificados pelo Inmetro.
Citronela e crotalaria – grau de eficácia: baixo
As duas plantas, muito usadas no fabrico de velas ou associadas a inseticidas naturais, têm ação por um curto período. Depois de liberados, seus aromas perduram cerca de 20 minutos e evaporam. “Mesmo no ambiente em que estão inseridas, as plantas ou as velas não matam o mosquito, só o afastam”, explica o entomólogo Rafael Freitas.
Entretanto, há estudos que defendem que a citronela chega a ser eficaz em uma área de até 50 m², outros apontam a área de abrangência como de apenas 10 m². Já a crotalaria plantada no quintal atrai a libélula, predador natural do Aedes. Em qualquer dos casos, para se resguardar, use-as combinadas a outros métodos.
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